Por outro lado o Risco, ou Risk em inglês, é o resultado de não tomar as medidas necessárias para minimizar o perigo. No campo da segurança contra incêndio, o perigo de incêndio é o potencial de dano intrínseco à operação de qualquer instalação, enquanto o risco de incêndio é a probabilidade de que esse incêndio cause um dano.
Por sua parte a norma da NFPA define Perigo como uma condição que apresenta o potencial de causar prejuízo ou dano às pessoas, propriedades, meio ambiente, missão ou patrimônio cultural. Sua definição de risco é a conjunção de probabilidades e consequências que resultem num possível evento não desejado associado a uma instalação ou processo específico.
Por outro lado, no processo de análise das condições de segurança humana e proteção contra incêndios dum edifício ou instalação, utilizamos dois termos que também são confusos para muitos de nós. Trata-se da análise de Perigo de Incêndio (Fire Hazard Analysis) chamada geralmente FHA e da Apreciação de Risco de Incêndio (Fire Risk Assessment) chamada geralmente FRA. Em termos gerais, uma instalação ou edifício pode ser avaliado por meio dum FRA e como parte do FRA avaliamos as consequências do Risco de Incêndios através dum FHA. Quer dizer que o FHA faz parte do FRA e o FRA é muito mais do que o FHA. Sendo assim entendemos porque isso pode criar confusão.
Análise de Perigo de Incêndio: o FHA se utilizou historicamente na elaboração de normas contra incêndios, onde a Análise de Perigo de Incêndio se realiza através da opinião de “especialistas”. Na grande maioria dos edifícios de nosso mundo moderno a solução prescritiva dos níveis de segurança humana e proteção contra incêndios utiliza essa metodologia. Entretanto, em riscos industriais ou petroquímicos é cada vez mais comum que as autoridades competentes requeiram um FHA para entender o que pode acontecer nesse tipo de evento, independentemente de sua probabilidade. É assim como, por exemplo, uma autoridade competente pode requerer um estudo de radiação para entender o impacto que pode ter na vizinhança uma bola de fogo (fire ball) proveniente de um BLEVE (explosão do vapor de expansão dum líquido que ferve devido à ruptura dum tanque de armazenamento de gás liquefeito de petróleo sob pressão superaquecido).
Na realização dum FHA, a análise de engenharia é bastante clara. Seus passos principais incluem: definir aquilo que se pretende entender; identificar o cenário do incêndio; definir os cenários de incêndio; selecionar os métodos de predição: calcular o potencial de incêndio; analisar o impacto do incêndio e avaliar a incerteza de toda a análise. Para mais informação sobre este tema recomendo a leitura da seção 2, Capitulo 2, “Análise de Perigo de Incêndio” do Manual de Proteção Contra Incêndios em espanhol, Quinta Edição.
Apreciação do risco de Incêndio: O FRA é a forma de análise mais completa que se pode aplicar a qualquer situação de segurança contra incêndios. Proporciona um esquema mais flexível para estimar o impacto duma estratégia de proteção contra incêndios em termos de reduções reais de perdas assim como de seu custo-benefício. O FRA não utiliza apenas as ciências exatas (física, química, engenharia), mas baseia-se também na teoria de decisão estatística. Lembremos que o risco está relacionado com a probabilidade.
Para mais informação sobre este tema recomendo ler a secção 2, Capítulo 3, “Análise de Risco de Incêndio” do Manual de Proteção contra Incêndios em espanhol, Quinta Edição e a Secção 5, capítulo 1, “Introduction to Fire Risk Analysis”, do Manual SFPE de Engenharia de Proteção contra Incêndios, Quarta Edição.
NFPA 551: devido ao aumento da utilização de métodos de engenharia de proteção contra incêndios como a Apreciação de Risco de Incêndio, a partir de 2004 a NFPA desenvolveu um novo documento chamado “Guia para a Avaliação das Apreciações de Risco de Incêndios” (Guide for the Evaluation of Fire Risk Assessments). Quero sublinhar que a Guia tem por único escopo proporcionar assistência, principalmente às autoridades competentes, para a avaliação do FRA de forma a garantir que tenha sido executado de forma adequada e correta. A avaliação do FRA poderia também ser levada a cabo pela seguradora ou pelo proprietário das instalações. Contudo, deve ficar muito claro que a guia não é a base para a execução do FRA, mas uma guia para sua avaliação ou revisão. O propósito dessa guia é apoiar uma autoridade competente na avaliação do FRA quando se aplicam metodologias de projeto baseado no desempenho, assim como estudos de engenharia, equivalências aos requisitos do código e avaliações de cumprimento regulamentar. A guia descreve o processo de revisão técnica e a documentação necessária quando se avalia o FRA, mas não indica como executar o FRA.
Em muitas jurisdições, a autoridade competente não tem os recursos para levar a cabo a avaliação do FRA. A NFPA 551 sugere dois enfoques: a revisão por pares ou a revisão contratada. Na revisão contratada a autoridade competente delega a responsabilidade da revisão do FRA a terceiros, quem decidem quanto à ação a tomar em relação ao FRA, como por exemplo aprovar, pedir revisões ou recusar. A outra possibilidade é que a entidade que faz a revisão por pares apresente um relatório à autoridade competente e que esta assuma a responsabilidade da ação a tomar com o FRA (aprovar, pedir revisões ou recusar). Qualquer um desses dois enfoques proporciona uma solução muito apropriada para nosso ambiente latino-americano.
Jaime A. Moncada, PE, é diretor da International Fire Safety Consulting (IFSC), uma empresa de consultoria em proteção contra incêndio, com sede em Washington, DC e escritórios na América Latina.