Construção segura

 

Artigo selecionado

Construção segura

Por

BuiltSafe

Os engenheiros de edificações e a NFPA estão trabalhando juntos para criar um ambiente construído mais resiliente

Entrevista conduzida e editada por Angelo Verzoni

Quando a inovação fomenta a construção de estruturas únicas e sustentáveis como os edifícios altos de madeira, uma nova parceria entre a NFPA e o Architectural Engineering Institute (AEI) procura colocar ambas as organizações à frente dos acontecimentos no que diz respeito à segurança desses edifícios.

Criada em 1998, a AEI - uma das nove organizações que trabalham sob a égide da American Society of Civil Engineers – pretende ser o líder mundial no âmbito do desenvolvimento dos projetos de edificações. Os sistemas que mantêm os edifícios seguros, como os sistemas de proteção contra incêndios e de comunicações de emergência, estão no centro da visão da organização e são críticos numa época onde os riscos criados pelo homem, como os ataques terroristas, são ameaças muito reais aos edifícios e seus ocupantes. A AEI tem aproximadamente oito mil membros dos quais por volta de 65% são engenheiros profissionais de edificações e 35% estudantes em engenharia das edificações.

A conferência de 2017 da AEI terá lugar de 11 a 13 de abril em Oklahoma City e a NFPA é uma das organizações que coopera para o evento; o tema da conferência é “Resilience of the Integrated Building: a Community Focus.” O NFPA Journal falou com o Presidente da AEI Robert Grottenthaler sobre a conferência, o que significa ser engenheiro de edificações e como ele vê o trabalho conjunto da NFPA e da AEI no futuro.

O que é a engenharia de edificações?

Muita gente a confunde com a arquitetura. A arquitetura é o desenho conceitual dum edifício para satisfazer as necessidades do proprietário. A engenharia das edificações é o projeto dos sistemas que permitem que o edifício funcione. Trata-se de levar o projeto do arquiteto e transformá-lo em algo real. A engenharia de edificações inclui muitas disciplinas diferentes, como a engenharia estrutural, a engenharia mecânica, a engenharia elétrica e a gestão da construção. Como estudante de engenharia estrutural, você tem matérias de engenharia e arquitetura, então fica bastante bem formado em todos os aspectos relacionados aos edifícios.

É um campo comum?

Sua popularidade cresceu. Havia apenas nove universidades que ofereciam programas credenciados de nível superior de engenharia de edificações quando eu me graduei [na Penn State com um diploma em engenharia de edificações] em 1980. Agora existem aproximadamente vinte. O público em geral não está familiarizado com este campo porque usualmente os engenheiros de edificações adotam uma de suas áreas principais de estudo, então seu titulo é engenheiro mecânico, ou engenheiro estrutural, etc.

Qual é a importância dos códigos de segurança e proteção da vida no trabalho dos engenheiros de edificações?

Como organização a AEI se concentra mais no desenvolvimento de orientações e melhores práticas do que nos códigos em si. Esse é o trabalho da NFPA. Obviamente, os códigos são essenciais para o projeto e a construção dos edifícios. Todos devem ser projetados e construídos de acordo com os códigos. Temos um comitê dedicado às orientações sobre proteção contra incêndio e segurança humana.

É preciso pensar no reforço da formação no âmbito da proteção contra incêndios e segurança humana para os engenheiros de edificações?

Sim, certamente. Quando lidamos com edifícios de alto desempenho, precisamos obviamente que sejam muito seguros. Os sistemas de proteção contra incêndio devem ser reativos de forma a minimizar qualquer perigo para as pessoas, os conteúdos do edifício e os aspectos estruturais do edifício para que se recupere depois dum incêndio e volte a funcionar mais ou menos rapidamente. Por isso é essencial compreender como integrar os sistemas de proteção contra incêndio num prédio. Conhecer os sistemas de proteção contra incêndio corretos para um espaço é essencial. Devemos sempre pensar nos riscos.

O tema da conferência da AEI em 2017 será “Resilience of the Integrated Building: A Community Focus.” Detalhe isso para mim, começando com sua definição dum edifício integrado.

Um edifício integrado se insere no ambiente. Deve ser amigável com o meio ambiente. Deve compreender as limitações energéticas e o uso de recursos naturais. Deve também ser integrado internamente, o que significa que todos os sistemas que constituem a funcionalidade do edifício não podem ser projetados no vazio. Devem ser projetados de forma integrada.

O que faz que um edifício seja resiliente?

Um edifício resiliente deve ter sistemas redundantes, robustos e integrados projetados para aumentar o tempo útil de serviço do edifício e reduzir o tempo global de recuperação depois da exposição a vários riscos. Usualmente os sistemas são baseados no desempenho. Incorporar e projetar a proteção contra incêndio em projetos de prédios complexos ou pouco comuns ou em projetos que consideram especificamente a resiliência requer soluções baseadas no desempenho.

A palavra “redundante” tem muitas vezes uma conotação negativa. Em sua opinião, qual é a receptividade do público em geral e dos proprietários de edifícios em relação à noção de edifícios resilientes?

Depois do que aconteceu com alguns prédios, como o World Trade Center, as pessoas em geral insistem na necessidade de ter edifícios resilientes. Eles querem saber que os prédios ficarão em pé em caso de desastre e que haverá tempo suficiente para evacuar numa crise. Se não for assim, as pessoas hesitariam em entrar em edifícios altos.

A resiliência dos edifícios é uma idéia nova?

É nova no sentido que é algo que as pessoas não consideravam no passado. Elas não pensavam realmente nos desastres que poderiam acontecer, tanto naturais como causados pelo homem. Por exemplo, os edifícios resilientes são projetados para que caso falhe uma coluna principal, as cargas sejam transferidas através de todo o edifício para mantê-lo em pé. Isso não era previsto anos atrás, mas depois do 9/11 e outros eventos as pessoas pensam agora, “O que aconteceria se houvesse uma explosão?” “O que aconteceria se alguém subisse no topo do edifício e colocasse algum tipo de substância química no sistema de circulação de ar”? Você deve pensar nesse tipo de coisas agora.

Quais são alguns dos desafios da construção de edifícios resilientes?

Pode aumentar o custo dos edifícios. Se você vai construir sistemas redundantes ou integrar sistemas coexistentes ou criar um sistema muito robusto, haverá muitos custos adicionais. O conhecimento de que os projetistas precisam já é um desafio em si. Eles precisam antecipar e responder a riscos potenciais para um edifício específico. Não existe uma solução simples, padronizada.

Há edifícios que são melhores candidatos que outros para a abordagem resiliente?

Eu diria que alguns edifícios seriam candidatos quando a resiliência é essencial, como os edifícios altos na Califórnia por causa dos terremotos. Também o seriam os grandes estádios, que são espaços onde se junta muita gente e que poderiam ser alvo dalgum tipo de ameaça causada pelo homem. Os hospitais são outra categoria – você pode ter pacientes que não pode mover muito rapidamente, então precisa garantir que os sistemas de segurança de vida tenham alguma redundância no caso, por exemplo, que alguém tente inutilizar o sistema elétrico. Então sim, penso que alguns edifícios são melhores candidatos para quando a resiliência é muito crítica.

O titulo da próxima conferencia inclui um “enfoque na comunidade” – qual é o papel do envolvimento da comunidade quando falamos de edifícios resilientes?

Não queremos falar apenas dos edifícios. Queremos que a comunidade esteja envolvida e entenda a importância da resiliência. A comunidade deve trabalhar e viver nesses edifícios, então as pessoas deveriam ser conscientes do ambiente onde vivem e entender os perigos existentes. Oklahoma City, por exemplo, onde terá lugar a conferencia, é muito sujeita a terremotos. Existem especialistas que estão projetando edifícios pensando na resiliência para que possam agüentar terremotos, ameaças terroristas e mais.

A conferência este ano tem algum tema destacado que encontra particularmente interessante?

Toda e qualquer pessoa que assista à conferência deveria dar uma olhada à competição de projetos de estudantes. Estudantes de programas de engenharia de edificações em todo o país competem num desafio para desenvolver e integrar sistemas inovadores e originais para edifícios existentes. Serão entregues prêmios em diferentes categorias como a mecânica, que inclui os sistemas de proteção contra incêndio. Este ano o edifício é uma instalação para eventos esportivos da Texas Tech, como um estádio, então os estudantes deverão tratar aspectos de segurança e resiliência.

Olhando para o futuro, quais são algumas das tendências que a AEI está analisando de perto?

A AEI esta olhando sem dúvida para os edifícios altos de madeira. A sustentabilidade da madeira é muito positiva. É uma abordagem lançada pelo pessoal na Europa e agora está sendo explorada nos Estados Unidos. Nenhum código diz que não se pode utilizar a madeira verticalmente. Os edifícios altos de madeira constituem uma preocupação especial para os especialistas da segurança contra incêndios, porque receiam que possam ser mais combustíveis que seus concorrentes de aço e concreto.

Você imagina a AEI e a NFPA trabalhando juntas para lidar com esse tipo de tendências emergentes dos projetos de edifícios?

Com certeza. A AEI é uma organização muito prospectiva. Quer se trate de edifícios altos de madeira quer de construção modular, onde você constrói alguns edifícios fora do local e depois os instala juntos no local, você deve considerar o significado disso para os códigos e normas. Os códigos e normas devem ser reativos em relação às diferentes inovações. A AEI orgulha-se de estar à frente dos acontecimentos. Seremos capazes de coordenar com a NFPA e dizer, “Isso é o que vem. Vocês devem começar a antecipar e preparar seus códigos e normas de acordo com isso.”

Lições aprendidas

O One World Trade Center, o centro do complexo reconstruído do World Trade Center na Baixa de Manhattan, exibe muitas das características que podem ajudar a criar resiliência em edifícios modernos.

nfpa.org/perspectives

Para saber mais sobre a conferência da AEI em 2017, visite aei-conference.org. Os membros da NFPA gozam dum desconto de 100 dólares na inscrição a conferência introduzindo o código AEI17K100. 

Share

nós

Quem nós Somos

A National Fire Protection Association (NFPA) é a fonte dos códigos e normas que regem a indústria de proteção contra incêndios e segurança da vida.

Atualizamos nossa política de privacidade, que inclui como são recolhidos, tratados e usados os seus dados pessoais. Ao usar este site, você aceita esta política e o uso de cookies