A Grande Inundação de Melaço de Boston, que ocorreu em 15 de janeiro de 1919, se desatou quando um grande reservatório de armazenamento de melaço, situado a poucos metros duma das ruas mais transitadas de Boston, rebentou, lançando uma onda de substância pegajosa em todo o bairro. Uma quantidade estimada de 2,3 milhões de galões de melaço – o suficiente para encher três piscinas olímpicas – se escapou do tanque, formando uma parede que arrancou com 25 pés de altura e 160 pés de largura. Vinte duas pessoas, incluindo um bombeiro, morreram, e 150 pessoas ficaram feridas.
Quase 100 anos depois do desastre, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Harvard diz saber por que esse incidente particular causou tantas mortes: as baixas temperaturas invernais esfriaram rapidamente o melaço que saia do tanque, tornando-o mais espesso. O fenômeno não só impediu a fuga das pessoas, como também dificultou os esforços de resgate das pessoas que tinham ficado imersas no melaço, de acordo com os pesquisadores. Shmuel M. Rubinstein, um professor de engenharia de Harvard cujos estudantes participaram da pesquisa, disse ao New York Times que em sua opinião, se o tanque tivesse rebentado num clima mais quente, o número de mortes teria sido menor.
Os pesquisadores estudaram centenas de documentos históricos e avaliaram o fluxo de melaço com diferentes temperaturas. Eles apresentaram suas conclusões em novembro numa reunião da American Physical Society’s Division of Fluid Dynamics. Os jornais relatam a inundação de melaço descrevendo a estranha cena. “Dois milhões de galões de melaço se espalharam pelas ruas e converteram numa massa pegajosa as ruínas de vários pequenos edifícios que tinham sido esmagados pela força da explosão,” escreveu o New York Times no dia do incidente. “Vagões, carretas e caminhões foram derrubados. Muitos cavalos morreram. A rua estava coberta de detritos misturados com melaço e todo o transito ficou paralisado.”
O tanque era propriedade da Purity Distilling Co., uma subsidiária da U.S. Industrial Alcohol, que usava o álcool destilado a partir do melaço para o fabrico de armas. De acordo com o historiador e autor Stephen Puleo, o tanque rebentou por causa da baixa qualidade da construção, associada à elevação da pressão no interior do tanque, causada pelo gás liberado pela fermentação produzida pela mistura de melaço frio e quente. Um processo judicial de três anos levou a adoção de leis para a certificação de engenharia e regras mais estritas para os engenheiros e arquitetos que apresentavam planos de construção nas cidades em todo o país. Em seu livro sobre o incidente, Dark Tide, Puleo notou que “a inundação de melaço de Boston fez para a regulamentação das edificações em todo o país o mesmo que um desastre que ocorreu mais tarde em Boston, o grande incêndio da casa noturna Cocoanut Fire, fez para os códigos de incêndio.”
A biblioteca e Arquivo da NFPA possui uma rica coleção de livros, relatórios e fotografias que documentam momentos importantes da história dos incêndios. Para proporcionar um melhor acesso eletrônico aos pesquisadores e preservar nossos recursos de arquivo únicos, lançamos um trabalho de digitalização de ficheiros do departamento de Registros de Incêndio, o departamento da NFPA originalmente responsável pela coleta e análise de informação e a compilação de estatísticas sobre incêndios importantes e outros eventos. Os incidentes descritos em “Looking Back” são extraídos dessa coleção e serão eventualmente incorporados nos arquivos online da NFPA. Para mais informação, visite nfpa.org/library.